quarta-feira, 11 de julho de 2012

construção


É espontânea e natural, direta e simples de modo que é impossível não ver sinceridade, não é nada armado ou programado, não pode ser improvisado. Não se sabe qual o próximo patamar e mesmo assim ela o escala com a certeza de onde está pisando, pois ela o está construindo.

Não, ela não o está construindo. Eu estou.

Como esta arquiteta tem a planta de meu castelo?

Como ela está convicta de que não quebrará o assoalho ao pisar com tal força?

A única conclusão que chego é que ela construiu meu castelo para ela, enquanto eu o construia para mim e, sem saber de sua existência, criei minhas passagens secretas, que ela já conhecia de cór. Ela é rápida e me ensina a pensar o que penso. Ela me mostra quartos que eu sempre quis conhecer, portas que eu sempre vi e atravessei mas que ingenuamente achei que fosse o único a atravessá-las.

É impossível, incoerente, incontestável!

Basta!

Preciso que essa arquiteta saiba que este castelo meu, preciso que esta arquiteta termine seu projeto.
O que ela vem construindo é muito grande para uma única pessoa.

Ropelle.

2 comentários:

  1. Muito bom! Narrativa fantástica!
    Adoro elementos com repetiçoes, como em "impossível, incoerente, incontestável".

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    1. Obrigado, mas só uso o blog pra esvaziar a cabeça, nada de treino ou seriedade hahaha
      Como disse, meu diário. hahaha o/

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